sábado, 29 de dezembro de 2012

Anairam

entre ameaças de raios
estrondos grossos e tremidos
o escuro proposital

fica claro por um segundo.

as árvores estão caladas
mas chamam a luz

querem ficar ao meio

sendo uma metade
de dor
outra de um devaneio

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Manga caindo ao chão

onde está a esperança

a autoestima

e a certeza
de que se esqueceu?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Desculpa por isso

perdido no presente
onde o passado

ainda me fere
ainda me acusa

mostrando que o futuro
não existe

mas quando eu não quis mais procurar

encontrei

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fim do mundo

na áurea cor
do vasto das coisas

tudo parece conspirar

e emergir para um.

o caminho longo acidentado
os plurais das razões
todos

num sentido só

pois nem a ideia
nem os sofismos
nem as argumentações
nem as convenções

vão explicar a transformação

apenas o silêncio

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Para de ler meu blog

sem sinceridade sem verdadeiramente
ser honesta
pelo menos uma vez
nunca foi

prefere ser fiel
a outra pelo outro
que também pensa igual

poesias artes violão
sambinha de domingo
com bossa nova renovada
bares nunca antes ido

mas a amiga mandou neh?!

ah como é bom
chico, cartola, mentir

dizer que não sabe
sabendo de tudo
de todos

espera o silêncio inevitável.

não és digna
da minha poesia
não és digna
nem do meu pranto

que ainda corre
e cai

a espera de mudanças

quem sabe justiças...

ainda espero
que tudo se realize
do jeito que pediu

tomara que sua vida
sempre seja

a sua pura e total vontade

mesmo que o outro se mate e tente renascer mais forte mais independente melhor

às vezes pedir desculpas
tentar evitar
deixar pra depois
uma conversa já teatralizada

não é merecedora
de nenhum verso
nenhuma poesia

nem mesmo esse tempo que gasto tentando moldar desenhar e apresentar a imagem de uma mulher que vejo

esquiva mentirosa
um pouco perdida

sem tempo
mas com tempo
(entendem)?!

e que se sente
ofendida

e não entende
entendendo
algumas palavras!

não me leia
não me veja
não me pense
não tente evitar
não entenda minhas rimas

meus versos
minhas estrofes

pois minha poesia
é de verdade
diferente de sua língua

legitimada pela amizade

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

La maladie du malade

j'en ai marre
tu as tort
vous avez raison
nous avons envie de rien!

et je n'ai pas d'argent

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ventilador

um inseto temido
enojado pelas cores escamoteantes

de um traço rude
forte violento e inesperado

enjoo devido ao preconceito.

irracional às vezes
pelo não entendimento suposto

do sinal de metamorfização

sábado, 8 de dezembro de 2012

Cortina

na ponta do sopro
do mormaço da planta

em qualquer lugar

transformando-se em tudo

comida bebida remédio

e ainda violência

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Brothers and sisters

um tempo fugidio
espirais que não giram

embriaguez permanente

um trago daquilo proibido

o ar denso
o cheiro forte.

sou cabeça dura
só cessarei
depois de pararem

as guerras e terremotos

sábado, 1 de dezembro de 2012

Dezembro

desceu a escada
tropeçou no último degrau

correu para o banheiro
sentou-se

como um rei

não lembrava seu nome

mas sabia que estava sozinho

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Quando acabar o maluco sou eu

naquele perfume de marfim
sem incensos
o fogo acendia

amarelo verde
e vice-versa

foi quando eu quase
a boca queimei

só não (embora)

outro lábio me ajudou

domingo, 18 de novembro de 2012

Coragem

não confiar em ninguém

se aprende desde outrora

fechar meio olho
e não cochilar.

a mãe dizia
venha e tenha calma
ajudar-lo-ei
feche os olhos

durma

e a desesperança fugia

sonhos mais confiáveis


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Eu tô com um problema

mantendo o respeito
segurando a calça

para ela não cair

não conheço cinto
nem sinto sentir

só aquela lágrima
de hipocrisia
e alucinógenos

longe de qualquer fumaça

Artigo indefinido

a mente vazia
de vazios excludentes

dentes que mordem
e grudam

largam só pra por mais sal

não é dentadura
está colado

prótese fixa?
ou medo de ser?

ao abrir o guarda-roupa
ela sorria para mim

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Alone in the dark

estava de chinelos
barba aparada
parecia ter tomado banho

andava tranquilo
quando viu uma caçamba

olhou para dentro dela
encontrou suas riquezas
necessidades felicidades

sorria a cada passo

sabia que tinha
uma vida perfeita

e uma cama de papelão

domingo, 11 de novembro de 2012

Um dia eu vou

a insuportável leveza
do ser insustentável
levemente atroz

bruscamente destruidor

no seu interior
que fica além
de qualquer exteriorização

de um tempo pesado
cheio de energias flutuantes

sábado, 10 de novembro de 2012

Celulose

sigo um caminho
para além da noite
onde o dia
um dia
correrá sem compromisso

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Por acomodar-se

resolvendo o niilismo
através de problemas inesperados

foi que o engano
disse às coisas:
mentira

enquanto isso
muitos precisavam laborar
invisíveis
como suas ideias

o tempo firme
onipotente na paciência
espera a sapiência absoluta

a expansão do ser

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Afastando-se

sentado numa cadeira
de madeira
bebendo cerveja sozinho

num bar
cheio de pessoas acompanhadas

só a mesa fica
calada e interessada
em tudo que diz

mas continua ausente
e bêbado

a espera de alguém
que nunca virá

talvez se sente na mesa ao lado!

sábado, 3 de novembro de 2012

Após o fim de um dia de finado

há um mês
e oito dias
na mesma posição

porém em transformação!
alguns dizem decomposição!

na lembrança no sonho
o movimento é constante

mas às vezes a porta se fecha

e só no fecho
que vejo seus olhos
verdes

da cor de minha saudade

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cantiga do não se importar

diante do silêncio
percebendo o movimento

audível no ser!

um tempo esgotado
que não acaba nunca

infinitamente prende machuca desespera

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Obscurecendo as trevas

não sabia nada
devido análise de outrem

mas daí aprendi metafísico-teólogo-cosmolonigologia

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Prova perdida

um ponteiro ideal
andando ao contrário
continuamente sem expressão

o fluir natural
dum fluxo inimaginável
sem medida

apenas expansão

sábado, 20 de outubro de 2012

Projeto de doutorado

um título obscuro
de rimas raras
em versos livres

sem crise

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Boa noite

vem júpiter impiedoso
soberano no ar

com seu exército de nuvens.

o raio é a luz do fim

domingo, 7 de outubro de 2012

Um dia depois do meu aniversário

parei diante do tempo

ouvi:
não reclame da esmola

mas cansei (exausto)
e fui dormir

por uma semana

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Naquela mesa tá faltando ele

no meio dum quarto
ficava sempre à vontade
lugar onde era feliz

desgostou de repente
por perder a satisfação!
é isso ou nada

foi querendo sumir
foi sumindo
se deitou como merecido.

estava gelado
estava sereno
não tinha mais raiva
não tinha mais dor

no mesmo lugar de sempre

agora eternamente feliz

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Je veux être seul

no intervalo
entre tempo e espaço

o vazio se esconde

fala vácuo
deita infinito
finge como toda natureza

há um espaço permeável

domingo, 16 de setembro de 2012

Às vezes

minhas lentes de contato
estão coladas no olho
me fazem ver
o que não quero

me desespero
pois tudo é passado
tudo é lembrado
do que quer esquecer.

nem reticências
nem singelos poemas

deixa-me agonizar!

o medo do novo
do vazio do futuro
nem mesmo um binóculo

inócuo está meu coração

sábado, 15 de setembro de 2012

Odor

uma desconfiança do aroma
um tempo faminto

a hora
funciona só com pilha.

das pilhas que montei
resgatei a poeira
do livro no chão

de um quarto

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pira se acaba

talvez esteja frio
mas a água corre

corrente marrom
com peixes pulando.

um estranho rio
parece sujo e limpo

fico com a vista mais avermelhada

entendo agora o seminário

e o caminho da terceira margem

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Pupila

no vão da ideia
o abismo raso

um clarão forte
nos faz ver preto

gosto muito disso
dilatando minha visão

domingo, 2 de setembro de 2012

Hífen

eu não me chamei
para beber

eu não me chamei
para sair do mundo

não mesmo. pelo menos não me lembro

já disse
para não ir
nesses lugares

que não me chamei

vá onde não estou
é onde me encontrará

sábado, 18 de agosto de 2012

Não saber das coisas

calado

não vejo graça nisso

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Título pra quê?

que venha agosto
a gosto de nuvem

cheiro de árvore
som de gente

fala de coruja

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Venha ser comigo de novo

um medo desconhecido
numa ignorância da diferença

o diferente em tudo
é igual estranho

mas ainda mudo

um frio na barriga
do suspiro da novidade

terça-feira, 24 de julho de 2012

Descida

toda história é lenda

além do astro
a poeira muito colorida
se faz falta
por se lembrar.

ponto alto narrado
som radiofônico emudecido

uma televisão que não manipula


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Metabolismo

restrito e aberto
atrito que não rala

ânimo descontente
desgostoso comportamento

um prazer mal entendido

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sexta-feira treze

na penumbra da folha
depois do vento frio
rangeu os dentes

mas não estava com frio

fez que entendeu
voltou sem pensar
e mordeu na língua

seu sangue estava gelado

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Amor

na imaginação sem fim

tudo pode acontecer
e acontece
dentro da cabeça fantasiosa

são malucos
dementes
doentes da realidade.

um dia resolveu acreditar
parar de viajar

não ser doido nunca mais...

veio a mentira alheia

domingo, 8 de julho de 2012

Esperança de tê-la

metricamente resolvido sem razão
por um motivo explicável
para quem queria entender

um olho viu
aquilo que o outro

não viu nitidamente
sem lentes sem descanso
sem.

é cutucando a ferida
que a dor sai
(através de gritos)

domingo, 1 de julho de 2012

Domingo ensolarado

chove lá fora
e pinga aqui dentro

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Andreas Maritano

no duelo da sorte
atando o vento
alguma poesia se esvai
formando poesia alguma

desvairadamente o mito
o rito selvagem. humour


a lira que chora
hipnotiza
de todas as nações

brejo do Hades


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Privataria

desenhando com palavras
por detrás dos sons
uma verdade estranha

uma voz prevalece
outra grita
mais outra tenta ficar

o som muda novamente
e o desenho também

Depois da prova

um francês carregado
de sotaque brasileiro
escrevia faltando uma letra

o sem sentido
é o sentido
uma vez por dia

de onde veio
ninguém quer saber
só querem justificar

domingo, 17 de junho de 2012

Nascimento

num espaço de desejos
bocas molhadas e geladas
mordem a compreensão

sem oxigênio
buscou novos ares
mas não achou
e criou o seu

fui levianamente conduzido
a um amor imortal


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Laranja

o cheiro que gosto
pela manhã sombria
e fria

odor forte bate fraco
pois meu nariz estava entupido

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mulher

um dia mal humorado
se sentindo idiota

inútil bocejar de palavras
com verbetes nada interessantes

no momento frequente
de sempre ser
e acontecer
o que deseja

tédio fabricado

sábado, 19 de maio de 2012

Terraço

vá sem medo
num eis uma vez
seja imortal

e não aceite meu imperativo

sábado, 5 de maio de 2012

Leitura

olhei aquele barulho
passou nitidamente bem opaco
fugiu sem querer ir

não encontrou seu lugar

Ao acordar

de súbito
ninguém imaginava a ideia


remoeram de ilusões
viveram por matarem outros
seguiram um curso imaginado


criadores de tudo e nada

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Estética política

numa ânsia avassaladora
tentou tocar sem sentir
viu a sensação falsificada
parcialmente não compreendida

pois uma mão quente
traz um coração gelado

terça-feira, 24 de abril de 2012

Vitesse

o dedo apontado
um restante de contradições

opaco

porque nunca durmo

pra quê?

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Cubo

arcoíris
de uma cor só

muitas palavras
enquanto silêncio

profundidade de queda rasa

o sentido terminado

Chegar ao fim

branco espaço
aparece o cachorro morto
um mendigo chora

e desenha sua estranha linha

ele nega cor

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cor

novamente o novo
cheio de novidades joviais

envelhecem num piscar de olhos

mas quando o olho abre de novo

é tudo original outra vez

terça-feira, 17 de abril de 2012

Sem acreditar

algo melhor entristecido
das lembranças de souvenir

um certo presente
passando o futuro

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Meio tempo

cansado das conquistas
tentou mudar de rumo

o ramo era um galho

floresceu só espelhos
e plantou só cheiros
pois uma flor enlouqueceu

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vida

na capacidade do improvável
dentro do nada
encontrou o vácuo

conversaram por meio segundo

Alguns papéis

quando percebeu
o cuspe espalhou
não tinha só saliva

isso é
pra quem tem nojo

só do mundo

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Pele

mesmo no incompleto
avisto um fim
rindo lágrimas sofísticas
intencionalmente convincentes e argumentativas
alivia qualquer mal
nega com flamejante sorriso
adentra e vai embora


Sono

nada em mente
nem palavras
porque elas são matérias

quarta-feira, 28 de março de 2012

Risco

a nuvem era clara
entre a noite azul

estava precisando da necessidade

buscou sem fim
um meio

acabou com o tédio

sexta-feira, 23 de março de 2012

Formação das palavras

a arte prevê a vida

e a vida imita a arte

quarta-feira, 21 de março de 2012

Provérbio

sujo como o chão
da vida

nas estradas mansas
perdida

achou o escondido
que se escondeu novamente

sexta-feira, 16 de março de 2012

Malandro

numa ânsia brusca
a agonia da demora

pensar no objetivo final

porém perceber o vão

amenizar

quinta-feira, 15 de março de 2012

Eu estou louco

um senhor distraído
e uma senhora também
desgostosos do ofício

não enxergam ninguém
só as mesmas desculpas
viram os olhos
e bufam aliviados

levantei e fui embora

Sociedade

peguei e passei
pegou segurou e passou
pegou apertou passou
pegou de novo
ficou um pouco mais

peguei prendi e passei

Porque o sono é a causa da morte

divertida entrada da coisa

comuns sendo arrebatados
uma melancolia não sentida
a dor antecipada

sinto a ponta entrar

a rima nem sempre é rica

terça-feira, 13 de março de 2012

Jardim sem flores

explodiu a alegria
risos falsos e sinceros

sem fim
com fim
enfim

a brincadeira corre solta
um se sente ofendido
mas mais adiante
todos esqueceram o ocorrido

vamos mais uma vez

sexta-feira, 9 de março de 2012

Conselho

na cadência do silêncio
um sopro é ouvido

ele fala de coisas
bem sussurradas

mas o vento
ficou frio como indiferença

quinta-feira, 1 de março de 2012

Linda como madrugada

quando a olhei
fiquei sem entender

ela segurou minha mão
para eu não cair

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Fome

misturado na luz
tudo dança sem movimento
e um som surge

o gruir sonolento
aterrorizador de si mesmo

fomos direcionados distintamente
e erramos sem acertar

Atalho

é sem a inspiração
que uma musa chega
divide seu condão

fala de trás para frente

quando pisquei
ela ainda estava lá

quando pensei
não vi mais ninguém

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Clave de sol

acordado desde muito cedo

durmo por dentro
mas não sonho

sou só realidade

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cadeira vazia

j'ai dormi
dans un lit
que n'était pas le mien

mais de qui?
de lui?
ou d'elle?
tant pis

je suis seulement amoureux de tout!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Música alta

eu nem sei fazer
outra coisa
que não acreditar

nem sei dançar
só sei cantar devagar

duvido duvido muito
como descartes
desconfio
e quero ir embora

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Num quarto meu

não dá para ver nada

a luz queimou
o dinheiro também
só sobrou a amizade
da imaginação

tranquei a porta
para trabalhar

Dentro da casa

morri e passei a minha vez

segurei o ar
e passei pro lado

é muita pulga
que faz coçar

Casa nova

no barulho dixavante
eis que escuto
é o fogo mesmo

a berla
não está inteira mais
se misturou
e grudou
e soltou

depois eu vi um anjo que só andava devagar

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Bem longe de você

quando levantou
meteu a cabeça
só o crânio quebrou

sendo sincero
ele não é assim
é como é

bom ou ruim
a dor sempre dói

Foi

tão depressa
quase sobressaltando
ralou sem sentir dor

tão depressa
depreciou-se
se deprimiu na depressão

tão depressa
entendeu que a vida
se vive devagar

Tenho tanto medo de morrer

de repente
o que é vivo
cansa de viver

mesmo sem querer

num estalo
num barulho
num silêncio sem fim

ela grita alto
e te leva embora



Contagem de corpos

dentro do mesmo pensamento
percebo coisas diferentemente iguais

o que voa nada
o que geme emudece

o que anda anda

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Na chuva

fulano morreu
beltrano morreu
ciclano morreu

cicrano não vingou

e ela nasceu

Vamos dançar?

até o trovão reclama
naturalmente
às vezes sem pensar
mas reclama

cresce cresce muito
e ninguém vê

quando ver
não será mais novidade

eu só queria
uma flor
no meu jardim


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Abaixo

próximo da distância
reflito sem minha razão

se tudo é nada
tudo tem um sentido

vale o que tem de valer

Caminho

rastejando pelo ar
como muita terra

mas não tosso

dá só vontade de espirrar

Sensação

no avulso
reverbero gritando
continuo continuo

paro de repente

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Garrafa

ao som da flor
rompendo com a pedrada
eis que vejo

cheio d'água
o rio morre afogado
e o homem ressecado

sem mais
por viver tudo

Rasgo

passando mal
pela boca do mundo

assim às vezes é bom!

mal posso esperar
esta que é inútil

e nunca vem

Mal olhado

quando pude
não fiz nada

quando não pude
não fiz mesmo nada

não adianta correr
ninguém vem atrás

mesmo não olhando pra trás

Está errado ou incerto

revirando de novo
algum ritmo me leva

o louco sabe
e gargalha sem parar

se gramas podem
porque ninguém mais não?

o ritmo pára
e eu continuo
criei o meu próprio

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Quem disse que a piada é engraçada?

e chega sem avisar

tentando ausência na presença

parece indiferente
mas observa tudo

e não entende
o compreensível humor humano

Clássica

o elefante
que nunca esquece
lembra de coisas profundas

escondidas e esquecidas

criação de sociedades
criação de leis
criação de deuses
criação de ideias

depois de lembrar disso
diz com a tromba

"fingimento"

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Algo

na mão secreta
existe um pensamento sábio

é o canal
para conversas interdimensionais

tudo vibra a favor

e não há tristeza

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Velocidade

minha perna sugere
um passeio diferente

sem contatar o chão

tentando sempre subir
caminhar andar deslizar

mas estou preso à terra

quero é mergulhar
com as próprias mãos

Sede

não fazia sentido

como tudo que imaginava

então não desisti

segui firme o caminho
sem perguntar

o sentido brotou
e o caminho acabou

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Confinado pela razão

foi quando num instante
chovi momentos deveras

todos me entendiam

todavia sabia
que um dia

eu ia parar de chover

e daí trovejar

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Carta que nunca chegou

sigo
vou
mas não sei

se quem anda sou eu

Preferências

gosto de vapores
que me aconselham ar

nos filmes de horror
rio até chorar

na dança cativante
só vejo ela dançar

entre os vários olhares
é o dela
na espera
e nunca vem

Tomate é fruta

um senhor
amante da serralheria
sorri a cada dia
a cada madeira vista

o dia estava marcado
ia cortar com alegria
como todo dia
serrar serrar acidente

dois pedaços de dedos
se misturam
nas madeiras também cortadas

detalhes em cheiro forte
e muita sujeira líquida

depois

mais nenhum dia feliz
foi ficando triste
foi ficando aborrecido
foi ficando sem vontade
como se faltasse algo

desistiu de sair de novo

Intervalo

há um menino
que fica trepado
nas árvores da praça
da antiga

vê carros parados
vê gente dentro
à vontade sem roupas

ele gosta
mas é careta
para outras coisas

mas até nos bancos
de cimento e concreto
as pessoas ficam
se esfregam
se suspiram
se apertam

e às vezes se beijam

ele anda sobre os bancos também

sábado, 21 de janeiro de 2012

Slow Motion

traquinando
traquinando sem parar

mesmo sem traquinar
penso em traquinar

...

agora estou de boa

Espectador da dor

olhava alguém sair
que não podia sair
e não saiu

ele não queria
mas achava que iria

ficava ficava ficava
sofria chorava gemia

ela não saia
e não saiu

mas ficou
achava que iria

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Debaixo de alguma coisa

o que vê
nem sempre
é o que entende

tem de esperar
esperar um pouco

para perceber
que não entendeu nada

e assim ver...

Esperança

despreocupado com a necessidade
acende o fogo
e ascende ao infinito

chegando lá
compreendeu que viveu
tudo ao contrário

e voltou
mais torto ainda

Construindo o amor

"eu tenho
não sou

mas importa?"

"importa quanto têm!"

"o suficiente
para não ser eu"

eu sou
não tenho

"não vales um tostão"

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Tá na hora!

o cheirinho forte
só espantou o mal
e também alguns mosquitos

Frequência

na estrada com fim
não entendo aonde vou

aprendo que o término
está dentro de mim

aprendo também o preço
por saber tamanho enigma

deito os olhos
na escuridão multi-imagética
e fico lá
para sempre

Megafone

a procurada leveza
está sempre pesada

a palavra bendita
só se reflete maldita
para quem ouve

não há exceção!

apenas vejo exclamação
e bem no plural

até o ar é exclamado.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Eu me perdi a mim mesmo

arrisquei me decidir
e me dei mal

a primeira vez nunca dá certo

capturei experiência
decidi novamente
quase acertei

por uma segunda vez até que foi bom

já estava cansado disso
parei de decidir
dei de ombros
e bem largos

fiquei sem errar
e sem acertar
mas queria somente decidir

quando não quis mais
me acusaram de má-fé


Só por causa dela

sem perceber
descobri um limite
que pedia perdão

era pobre
e se vestia feio
tinha o érre retroflexo

quando olhou pra mim
não o vi mais

Minha terra molhada

nas enxurradas de problemas
novos peixes surgem
velhos homens morrem afogados

a água é marrom
tem gosto de doenças
e sentimento de revoltas

mas o mineiro
acha tudo bão
um trem que vai passar...

domingo, 15 de janeiro de 2012

Imortal

pulou
e não voou

nadou
e morreu no sal

sonhou
e nunca mais voltou


Nós levantaremos

cada essência
de cada momento

cada um
na sua vida tentável

sofrimento eterno
eu não acredito

controle de tudo
embaixo da razão

pura ilusão

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Dança dos fantasmas eternos

sonolento
sonho com um funeral
parecia ser lunar

rápido e sem descanso
gritos roucos seguem aflitos

param somente
porque é o fim


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nada pra fazer

me confundiram com neblina

é porque estava sorrindo

quando parei
veio chuva

quando deitei
a estrela caiu
e não se apagou

por que a pedra
vive me imitando?

Toldo

vejo uma gota
se recusar a cair

mesmo assim molho-me

fui severo no pensamento?

Natura

não adianta forçar

pressão é ilusão

se quer assim faça
não mande outro fazer

tudo no em si
da vontade de poder