quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Fome

misturado na luz
tudo dança sem movimento
e um som surge

o gruir sonolento
aterrorizador de si mesmo

fomos direcionados distintamente
e erramos sem acertar

Atalho

é sem a inspiração
que uma musa chega
divide seu condão

fala de trás para frente

quando pisquei
ela ainda estava lá

quando pensei
não vi mais ninguém

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Clave de sol

acordado desde muito cedo

durmo por dentro
mas não sonho

sou só realidade

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cadeira vazia

j'ai dormi
dans un lit
que n'était pas le mien

mais de qui?
de lui?
ou d'elle?
tant pis

je suis seulement amoureux de tout!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Música alta

eu nem sei fazer
outra coisa
que não acreditar

nem sei dançar
só sei cantar devagar

duvido duvido muito
como descartes
desconfio
e quero ir embora

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Num quarto meu

não dá para ver nada

a luz queimou
o dinheiro também
só sobrou a amizade
da imaginação

tranquei a porta
para trabalhar

Dentro da casa

morri e passei a minha vez

segurei o ar
e passei pro lado

é muita pulga
que faz coçar

Casa nova

no barulho dixavante
eis que escuto
é o fogo mesmo

a berla
não está inteira mais
se misturou
e grudou
e soltou

depois eu vi um anjo que só andava devagar

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Bem longe de você

quando levantou
meteu a cabeça
só o crânio quebrou

sendo sincero
ele não é assim
é como é

bom ou ruim
a dor sempre dói

Foi

tão depressa
quase sobressaltando
ralou sem sentir dor

tão depressa
depreciou-se
se deprimiu na depressão

tão depressa
entendeu que a vida
se vive devagar

Tenho tanto medo de morrer

de repente
o que é vivo
cansa de viver

mesmo sem querer

num estalo
num barulho
num silêncio sem fim

ela grita alto
e te leva embora



Contagem de corpos

dentro do mesmo pensamento
percebo coisas diferentemente iguais

o que voa nada
o que geme emudece

o que anda anda

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Na chuva

fulano morreu
beltrano morreu
ciclano morreu

cicrano não vingou

e ela nasceu

Vamos dançar?

até o trovão reclama
naturalmente
às vezes sem pensar
mas reclama

cresce cresce muito
e ninguém vê

quando ver
não será mais novidade

eu só queria
uma flor
no meu jardim


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Abaixo

próximo da distância
reflito sem minha razão

se tudo é nada
tudo tem um sentido

vale o que tem de valer

Caminho

rastejando pelo ar
como muita terra

mas não tosso

dá só vontade de espirrar

Sensação

no avulso
reverbero gritando
continuo continuo

paro de repente

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Garrafa

ao som da flor
rompendo com a pedrada
eis que vejo

cheio d'água
o rio morre afogado
e o homem ressecado

sem mais
por viver tudo

Rasgo

passando mal
pela boca do mundo

assim às vezes é bom!

mal posso esperar
esta que é inútil

e nunca vem

Mal olhado

quando pude
não fiz nada

quando não pude
não fiz mesmo nada

não adianta correr
ninguém vem atrás

mesmo não olhando pra trás

Está errado ou incerto

revirando de novo
algum ritmo me leva

o louco sabe
e gargalha sem parar

se gramas podem
porque ninguém mais não?

o ritmo pára
e eu continuo
criei o meu próprio

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Quem disse que a piada é engraçada?

e chega sem avisar

tentando ausência na presença

parece indiferente
mas observa tudo

e não entende
o compreensível humor humano

Clássica

o elefante
que nunca esquece
lembra de coisas profundas

escondidas e esquecidas

criação de sociedades
criação de leis
criação de deuses
criação de ideias

depois de lembrar disso
diz com a tromba

"fingimento"