quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Bronca

viu-se diante do tornado
fora atingido certamente

há coisas que persistem
pelo natural de tudo

mas passa

quiçá depois do natal
ou do réveillon

alguém disse carnaval?

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Cafard

da lama à lama
do caos à lama
da vida à lama

da exploração à grandes iates
do dinheiro à prazeres infindáveis

da cobiça à lama
da crueldade à lama

(...)
(lama)
!

do que se trata mesmo?

sábado, 31 de outubro de 2015

Ode contemporânea ao Saci

aqui god don’t save the queen
aqui não existe Halloween
minha festa é outra
a casa está bagunçada
tem que ser assim

vinde rei negro
deus ligeiro em vários furacões
trazei seu pé solitário
embora mágico!
acendei vosso cachimbo
tirai coisas doces de vosso gorro
tirai o que mais quiser

vamos brincar nos divertir
assustar alguns desorientar outrem

esperei pelo vosso dia
como a planta espera a chuva
trazei seus amigos nobres

e também celestiais
vamos celebrar

chamai o curupira invertido
o macunaíma carne de minha perna
avisai o boto
mandai carta ao boitatá

este dia é importante
a verdadeira mata está feliz

não esqueçais da mula-sem-cabeça
do lobisomem da natureza

Saci meu bom Saci
hoje é vosso dia

glória a vós matreiro
glória a vós zombeteiro
glória a vós brasileiro

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A rua mais tranquila

acredita esperar com pouca
confiança

deitado corre sempre ligeiro
tropeça no abismo
cai de cabeça

e compreende a metafísica

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Véspera

o rap é forte
a rima quase rara
o teste dos testes

vendo mundos sucumbirem
vendo mundos construírem
imagina pensa colore sonha

acordado e duas vezes
dormindo. sonhando acordado

colorindo colorindo colorindo...

o preto é cor também

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Setembro fim

muitas vezes ausências silêncios
nuvens ensaios árias sangue

cartas de longos p.s.
rebuscamentos exacerbados úmidos oblíquos

são onze horas escuras
são minúsculas as palavras
os títulos se misturam

eu não tenho medo

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A folha internacional

mantinha tudo sob controle
antes não vagava muito
cismava que era diferente
ouvia vozes nas fotografias
não imaginava uma fórmula
havia estalos de desilusão
amou sem nunca cobrar

segunda-feira, 6 de julho de 2015

X

quase atraso
enrolado como sempre

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Régua

hoje comi frango xadrez
bebi suco de limão
e cortei o cabelo

Quando a maré baixar

perscrutando sobre o tempo
percebeu um certo vento
pedaços de ar frio.
e naquele som momento

o conhecimento de alberto caeiro

sábado, 30 de maio de 2015

Em família

tudo que midas toca
tudo que litierses toca

um ouro de sangue

We are the warriors

gritos ritos tremores tratores

todos reunidos

em cada esquina
uma jamaica ou amsterdã

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Geografia

escrevemos sim

duas três nenhuma mão

entre máfias e linguagens

um é quem escreve
outro é quem organiza

domingo, 10 de maio de 2015

Dilema

em palmas irônicas ébrias
a noite virou dia
a presença ficou ausência

tinha dor de cabeça

suspeita do fato ocorrido
começando pelo pensamento infinito
uma mensagem foi enviada

teve preguiça de ligar
mas

dessa vez não vomitou

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Vassoura

caminhando de olhos fechados
não via os pássaros
tão pouco

entendia sobre migrações
dava como exemplo

o tempo

o sopro a palavra
a batida do vir-a-ser
que o mantinha fechado

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Reinauguração

ouça o som espontâneo
do peixe que caça
escudo lança fome tem

carne com carne vontade
anda na terra também

terça-feira, 31 de março de 2015

Sincategoremáticos

um significado de significações
sons barulhentos para significantes

toda hora é hora

segunda-feira, 16 de março de 2015

Agogô

finge e não finge
não vai e vai
sobe e desce

uma rasteira surge inesperadamente

domingo, 8 de março de 2015

Carregador

hoje bateu uma saudade
os objetos o mundo
o fazer lembrar tudo.

a memória que governa

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Paratopia de gênero

na espera de uma irresponsabilidade
de uma tal crise

verso desenho mera estética
fútil superficial do não
pensar

sei soletrar as
pa
la
vras
mas não preciso provar

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Planta

na curva da vida
dos andares e conheceres
cumprimentos e quase socos

depende de muitos fatores

doa a quem doer

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Ordem Bancária

espaços cada momento encurtados
não se conhece fronteira

limite que está banalizado

eles todos têm pressa

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Coruja

não preciso de muito
poucas páginas algumas palavras
tanto faz

eu faço poesia
sou poeta canhoto

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Grão

o dia chega trovejando
trazendo seu melhor valor
esbraveja grita castiga domina

o mendigo como quixote
se protege como pode
traz um escudo forte

uma caixa de papelão

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Dois de janeiro

enquanto o feriado passava
não entendia tudo começando
ele já não refletia

estava ainda com fome
e viu comidas bebidas
dentro de um lixo.

é o seu ano novo feliz